Ao contrário do que muitos imaginam, a reencarnação não é obrigatória. Somente retorna para este plano quem realmente se enquadra nas definições que serão citadas no decorrer deste artigo.
O processo reencarnatório é simples. O fato de querer retornar para o plano físico já é mais que suficiente para que todo o processo reencarnatório tenha início. Alguns reencarnam com uma programação existencial muito simples e outras, com mais responsabilidade. Quando nos tornamos mais evoluídos, também nos tornamos uma ferramenta melhor para os nossos amparadores espirituais.
O livre arbítrio de uma consciência em nenhuma situação é desrespeitado. A própria pessoa decide o que fazer com ela em todos os momentos e é ela quem administra a sua situação. A vida fora do corpo é ilimitada. Regras, leis e imposições são consideradas violência de natureza consciencial. A evolução não está baseada tendo como referência esses parâmetros que nós temos aqui na Terra. Eles foram criados pelo próprio homem em situações muito convenientes e coniventes com os interesses de cada um, em cada época.
A consciência humana traz consigo a experiência de todas as vidas passadas. Essas experiências são revistas em todos os níveis. São experiências que estão guardadas no ‘porão da consciência’ e que se referem ao relacionamento humano. Em cada um de nós pode haver um ladrão, um bandido, um assassino. Pode haver um príncipe, uma princesa, um mendigo, um escritor, um homem de conhecimento, um pastor. Mas todos nós temos de estar bem conscientes de que cada um destes personagens pode ter passado pelas nossas existências anteriores e que, em cada existência, poderíamos ter sido bons ou maus. Não podemos ficar com aquela ideia de que sempre fomos muito bons. Na experiência de cada vida estão contidos decepções, rancores, ódios e várias outras situações não resolvidas.
A História Humana é por si só emocional e plena da repetição de erros grotescos. Se fizermos um levantamento cronológico da existência humana, veremos que a pauta da vida é a mesma: poder, posse, destruição.
A tecnologia avança de maneira vertiginosa, o homem sempre conquistando espaços incríveis na eletrônica, na computação. Mas a essência humana permanece primitiva. A inveja, o ódio, o rancor, a amargura, o desequilíbrio, as paixões, os vícios: tudo igual, ou seja, a nossa tecnologia evolui e o homem não consegue acompanhar este processo evolutivo. Tudo isso nos dá a ideia de que essa grande egrégora humana tem baseado seu processo energético nos chacras mais baixos e que vai demorar muito tempo para mudar. A única coisa que muda é a consciência de cada um de nós. Aqueles que buscam a autoconsciência e atingem pelo menos o seu limiar, sentem-se deslocados e ao mesmo tempo confiantes. Não mais aceitam passivamente o que lhes é imposto. Essas pessoas que evoluem, que conseguem um nível diferenciado de consciência, adquirem uma visão crítica e lúcida do que as rodeia. Certos valores caem por terra. A hipocrisia é banida do vocabulário e a expansão dos conceitos da multidimensionalidade existencial torna-se inevitável. O indivíduo consegue se deslocar da manada e assume a posição de observador. Deixa de ser o cordeiro para ser o pastor. Colhe todas as informações possíveis para agregar ao seu conceito autoconsciente.
Reencarnar é um processo primitivo e emocional para consciências que ainda não alcançaram condição de discernimento suficiente para sair das amarras do seu ego.
Existem três motivos básicos pelos quais as consciências reencarnam:
- Algumas consciências retornam acreditando que poderão saldar seus débitos para com os seus e, assim, se limpar dos ‘pecados’ cometidos. A condição evolutiva conforme o que pensamos é primária e baseada nos três chacras mais baixos. A condição psicológica desta consciência é a carência, a pieguice, a mesmice exagerada, o apego excessivo à religião e a necessidade constante de se afirmar diante daqueles que a cercam. Sofre por tudo e por todos, acreditando que desta forma está desenvolvendo a compaixão pelo próximo e adquirindo a ‘humildade salvadora’. Essas consciências acreditam que o arrependimento as salvará e que não precisam se preocupar, pois alguém como um mestre, ou um guru, será a solução de seus problemas. Costumam julgar os outros com veemência. Retornam à vida dos encarnados sempre em busca de saldar dívidas. Quando não retornam, buscam atuar como amparadores de seus familiares ou da congregação religiosa de que faziam parte quando encarnadas. São pessoas que acham que o ato de se emocionar é um ato de bondade. São pessoas que não têm consciência e discernimento suficientes para se autoenfrentarem a cada instante de sua vida e atingirem uma consciência mais elevada, livrando-se daqueles ‘traços falhos’ muitas vezes disfarçados de preconceitos, autonegação, emocionalismos imaturos, seduções imaturas, vivências prazerosas, que na verdade são apenas uma forma de disfarçar ou de esconder de si próprio o equívoco consciencial em que vivem.
- Consciências que retornam porque gostam demasiadamente deste plano e estão condicionadas às restrições que esta dimensão propicia. A condição de restrição dá segurança porque estamos sempre pisando no chão, no terreno conhecido. O perfil psicológico destas consciências é o do imobilismo, não se interessando em aprender nada, apenas exercem aquilo que já sabem. Não dão um passo para frente em termos de evolução consciencial, mas vivem de certa forma num relacionamento social muito conveniente e considerado por todos muito satisfatório. Utilizam-se de vários recursos escapistas para manter seus conhecimentos ultrapassados imutá-veis. Justificam o que fazem com uma lógica errada. Apelam para ideias paroquianas, bairristas, nacionalistas. São pessoas que não gostam de conhecer coisas novas (neófobos), nem de viajar para terras estranhas ou fugir do mesmismo. Preferem ficar naquilo que conhecem. Esse é um tipo de pessoa que reencarna por necessidade e segurança do conhecido.
- O terceiro tipo de reencarnante é o que reencarna porque quer reencarnar, pois já sabe como é a história aqui. Não precisa e não tem nenhum vínculo com este plano. Muitas vezes, essas consciências encarnam porque querem conhecer este plano físico. De perfil psicológico inabalável, não são corruptíveis e tem comportamento cosmoético. Esse tipo de entidade, ao circular no planeta, procura sempre espargir conhecimento, esclarecimento e, às vezes, até mesmo consolação às comunidades e nos meios em que vive. São entidades que têm uma consciência maior e conseguem associar a cada instante novos conhecimentos referentes a todas as coisas do Universo. Não estão limitadas a preceitos, preconceitos, ideias restritas ao planeta, ao sistema solar ou mesmo a esse Universo. Mantêm sempre a esperança em algo melhor e procuram aprender o máximo possível com todas as situações. Possuem emoção, mas em hipótese alguma demonstram emocionalismo. Quando se desligam deste plano não mais retornam.
Em suma, os indivíduos que aqui reencarnam estão em processo de aprendizagem, mas esta ocorre de maneira isolada e individual, jamais coletivamente.
A salvação, que muitas religiões pregam, nada mais é do que o trabalho conveniente para aqueles que a administram. Nenhuma consciência intercede na vida de outra, pois isso seria uma violação ao livre arbítrio de cada um.