A experiência fora do corpo (EFC) é definida como uma sensação subjetiva de ter saído dos limites físicos do corpo, tendo uma longa história registrada em diversas culturas. Conhecida também como “desdobramento do espírito” ou “projeção astral” nos círculos esotéricos, a EFC é estreitamente ligada à autoscopia, que é a experiência do sujeito enxergar o próprio corpo físico como se o mesmo estivesse distante. Na presente revisão bibliográfica, faremos inicialmente um breve apanhado histórico das EFC, principalmente na sua relação com as tradições Egípcia, Budista, Teosófica e Espírita. Posteriormente, nos deteremos aos achados neurocientíficos recentes sobre o tema, enfatizando os mecanismos centrados nas regiões do giro angular e junção têmporo-parietal. Estas regiões são responsáveis pela integração das informações visuais, auditivas, vestibulares e somestésicas, participando assim da formação da imagem corporal e, consequentemente, da noção de eu. Por último, discuti remos aspectos clínicos relacionados com a EFC, que passa a ser considerada doença se acontece r de forma frequente ou intensa, causando algum prejuízo físico, mental e/ou social a quem a experimenta.