O Controle e Suas Consequências

akinori-uemura--T6vP7ZGz0Q-unsplash

Compartilhar

Compartilhar no facebook
Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no twitter
Compartilhar no email

Autor:

Fátima Alves

Quando perguntamos a alguma pessoa se ela é controladora, dificilmente a resposta é positiva. Essa negação acontece por que a pessoa não aceita que tenha essa característica de comportamento ou muitas vezes porque nem sabe que a possui.

O controle é uma necessidade de defesa para encobrir a insegurança, os medos, a inflexibilidade, a agressividade etc. Quem controla o ambiente, controla também as pessoas, e ao fazer isso, tira todo o espaço delas e seu direito de manifestação. Por exemplo, a esposa que controla os gastos do marido, as ligações do celular, o tipo de roupa dos filhos, a alimentação da família; decide onde cada pessoa deve sentar à mesa, controla o que cada um deve falar e a hora certa para isso. Essa pessoa geralmente dita as regras de tudo, inclusive na hora da intimidade, dizendo para o marido o que ele deve fazer e como. Quando essa esposa faz isso, está tirando de toda a família a possibilidade de relação. Neste exemplo, não existe relação. Só existe alguém que manda e outros que obedecem. Não existe diálogo, tudo deve ser feito de acordo com a vontade, os desejos e as crenças de quem está controlando.

Quem é controlador gasta muita energia para ‘tentar’ manter o ambiente e as pessoas sob controle. Nada pode dar errado ou fugir minimamente do roteiro que foi programado, senão, o controlador fica totalmente desorganizado, em estado de ansiedade, agitação e agressividade. Todo esse contexto turbulento resulta numa turbulência também espiritual e energética. A casa perde a harmonia, o ambiente fica pesado, os familiares agitados, sem paciência, inquietos, irritadiços. Se houver crianças, elas terão dificuldades para dormir, terão pesadelos, poderão chorar à toa, apresentar irritabilidade, dificuldade de concentração na escola etc.

O controle não é saudável. E não podemos confundir controlar com administrar. Administrar situações é uma coisa, controlar as situações é outra. Por exemplo, ao organizar um evento, a pessoa deve tomar todas as precauções para que tudo corra bem e de acordo com o roteiro planejado. Isso é administrar. Mas, se apesar de todos os cuidados, ainda assim ocorrer uma situação imprevista? Nesse caso, a pessoa que sabe administrar tomará todas as medidas para amenizar os danos e, caso nada funcione, ela vai lamentar, mas saberá que fez tudo que foi possível. O controlador vai ficar nervoso, ansioso, procurar culpados, tentar todas as possibilidades. E se nada funcionar, ele ficará extremamente frustrado e desorganizado internamente, como se a culpa pelo imprevisto fosse dele.

A diferença entre os dois exemplos é muito clara. No primeiro caso, a pessoa não estava tentando controlar, estava resolvendo o que a situação pedia naquele momento específico. O outro tentava controlar o incontrolável. Esse é o problema.

Quem controla, não permite vivenciar o presente. Não tem flexibilidade para mudar o roteiro no meio do caminho, não aceita novas ideias, novas possibilidades. E isso é em todas as áreas da vida; com a família, no trabalho, no social, na relação afetiva e consigo mesmo, mas controle tem cura. O primeiro passo é identificar esse comportamento e tentar se colocar sempre no lugar do outro que é a vítima de seu controle. Como você se sentiria com alguém tirando todo seu espaço de manifestação? Pense nisso. Exercite a flexibilidade, aceite um caminho diferente, aceite uma ideia nova. Aceite a manifestação do outro, mesmo que não esteja de acordo com seus princípios. Vivemos num mundo das diferenças. Aceitá-las nos enche de experiência e enriquece nosso espírito.

Outros conteúdos