Quando criança era mimado. Bem-nascido, o púbere soube aproveitar de tudo o que a vida lhe proporcionava. Era rico, aventureiro, filho indisciplinado, rebelde. Sua condição favorável não lhe permitia sentir as mazelas dos pobres, dos doentes, dos sem esperança, dos sem fé, dos sem vida. Foi soldado, poeta, cantor e pregador. Mas falava somente daquilo que conhecia, ouvia e sentia.
Filho de um comerciante bem-sucedido, o rapaz se negava a seguir os passos do pai. Foi arrebatado por um chamado maior. A riqueza, o ouro, a casa abastada, as vestes finas e luxuosas deram lugar à simplicidade, à humildade, à sinceridade e à bondade. Por meio de suas reflexões e observação da natureza compreendeu a essência do verdadeiro. Enxergava o brilho do espírito, a beleza das flores, das águas, dos animais e do céu.
Abdicou do comodismo para escolher o trabalho como companheiro. Abandonou os grandes banquetes por entender qual era a verdadeira força que lhe alimentava a alma. Abriu mão de si mesmo por enxergar a grandeza do amor. Não faltou quem o chamasse de louco, numa época em que reinava o sofrimento, numa fase da história considerada a idade das trevas.
Mas esse homem acreditava na luz. E acreditava no trabalho. E trabalhou embaixo de sol e embaixo de chuva. E sob a neve implacável dos rigorosos invernos da Itália do século XIII, caminhou longas distâncias com os pés descalços para pregar a palavra que acalentava os corações de povos sofridos, dos sofrimentos existenciais do ser humano. Onde havia ódio, ele levava o amor, onde havia discórdia, ele levava a união, onde havia dúvida, ele levava a fé, onde havia erro, ele levava a verdade, onde havia desespero, ele levava a esperança, onde havia tristeza, ele levava alegria, onde havia trevas, ele levava a luz. Preferia mais consolar que ser consolado, compreender mais que ser compreendido, perdoar mais que ser perdoado.
O nome desse homem: Amor. Mas ficou conhecido como Francisco de Assis.