As experiências anômalas se constituem em desafio explicativo para a psiquiatria e para a psicologia a respeito de como e por que ocorrem. Podem indicar aspectos desconhecidos do funcionamento psicológico humano, por exemplo, alucinações em populações não clínicas. Objetivo: Investigar amostras brasileiras de pessoas que alegam experiências anômalas caracteristicamente contemporâneas quanto a dimensões psicopatológicas. Métodos: Comparando grupos experimentais e controle, foram utilizados o instrumento diagnóstico Mini International Neuropsychiatric Interview, versão detalhada (MINI PLUS), e os nove critérios diagnósticos para distinção entre experiências espirituais e transtornos mentais de conteúdo religioso elaborados por Menezes Júnior e Moreira-Almeida. Resultados: Houve evidência de que as experiências são tipicamente saudáveis, embora haja indicadores de características pré-mórbidas na infância e na adolescência dos protagonistas das experiências mais complexas. Além disso, encontrou-se certa correlação com o perfil “esquizotípico saudável”, que ainda é pouco compreendido. Conclusão: Apesar de não terem sido encontradas evidências de transtornos mentais nas amostras investigadas, foram discutidos alguns temas que tocam nas complexas relações entre as experiências investidas e a cultura em que emergem.
Nem todo artigo científico aqui publicado expressa exatamente uma visão do centro de estudos da consciência. Como semeadores do conhecimento acreditamos que cada contribuição pode ser vista sob a ótica do questionamento coerente e esclarecedor.